Global Analysis

Visão geral – Março 2023

mar 2023

“A Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver perto de nós… Sempre generoso, autêntico do início ao fim” (Jo 1.14, A Mensagem).

Nosso Senhor veio até nós para nos servir com humildade e nos abençoar generosamente. Por isso, “devemos levar a igreja – todas as bênçãos e atuação espiritual do Corpo de Cristo – até as pessoas com deficiência que não podem ir à igreja”, escreve Dave Deuel, catalisador da Rede Temática Lausanne de Pessoas com Deficiência, em “Levando a igreja até as pessoas com deficiência: Uma nova iniciativa da Rede Temática Lausanne de Pessoas com Deficiência”. Complementando a missão tradicional, os vocacionados para o trabalho com pessoas com deficiência têm um papel singular a desempenhar nos lares, no trabalho e na comunidade, levando o amor de Cristo e o cuidado espiritual e equipando as pessoas para o ministério onde quer que elas estejam. “As pessoas com deficiência às quais servem podem crescer espiritualmente enquanto recebem incentivo para buscar seus próprios dons e chamado”.

A fim de promover cura e transformação pela missão encarnacional, precisamos “cultivar a arte de ouvir e (re)imaginar por meio de três aspectos fundamentais: o verbal, o corporal e o silêncio”, é o convite de Xiaoli Yang em “O poder transformador da escuta profunda: A (re)imaginação da missão global”. Xiaoli, teóloga chinesa-australiana, usa a etimologia chinesa e outras tradições culturais para ilustrar o que significa desenvolver “uma representação holística do ato de ouvir”. Assim como o exemplo da encarnação de Cristo, “a missão contextualizada e nativa deve emergir no solo local a partir de um profundo senso de escuta e imaginação, direcionado tanto aos obreiros quanto àqueles a quem servimos transculturalmente”. Nos dois próximos artigos, vemos como esse princípio encarnacional pode ser aplicado para alcançar o Mundo Majoritário.

Em “O uso dos traços culturais locais nas missões transculturais: Aplicações missiológicas”, o coreano Paul Sungro Lee, estudioso-praticante de missões mundiais, argumenta que à medida que “cada vez mais, os missionários do Mundo Majoritário se unem à força de trabalho global”, é mais vantajoso que eles criem “conexões próximas com pessoas de origens semelhantes em outras nações do Mundo Majoritário para onde são enviados”. Assim, eles poderão usar os “atributos culturais locais” em suas estratégias missionárias. Paul ilustra essa abordagem oferecendo exemplos de traços de coreanos/asiáticos, de brasileiros/sul-americanos e de quenianos/africanos. Ele propõe também selecionar candidatos a missionários que não temam “a análise saudável de suas próprias culturas, identifiquem contextualizações transculturais do evangelho e busquem voluntariamente culturas circundantes ainda não alcançadas”.

Em “Repensando a contextualização em Camarões: A abordagem do contexto emergente na compreensão cultural do evangelho”, Emmanuel Oumarou, missiólogo de Camarões, analisa a contextualização em Camarões. Ele chama sua abordagem de contexto emergente. “Essa abordagem destaca o aparecimento concreto de expressões, formas e práticas do cristianismo dentro de um contexto” em contraste com a abordagem de contexto inserido, que “permite adaptar o modo de pensar de cristãos estrangeiros e as práticas da cultura de um missionário a uma cultura anfitriã”. Ao avaliar a contextualização em Camarões, ele descobre que a tentativa dos evangélicos de traduzir a fé cristã para as culturas camaronesas locais se enquadra predominantemente em “contexto-inserido” em vez de “contexto emergente”. “Essa orientação é perceptível em várias dimensões das expressões evangélicas da fé cristã: querigmática, litúrgica e teológica”. “Para reparar essa situação e permitir uma tradução adequada da fé cristã para as culturas camaronesas”, o autor indica aos evangélicos camaroneses vários pontos de ação.

Em Filipenses 2.5, lemos “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”, uma exortação para que tenhamos o mesmo pensamento e a mesma abordagem de Jesus. Que os artigos desta edição nos desafiem a ser como Cristo — a ir até onde as pessoas estão, a viver entre elas, a ouvi-las, a estabelecer com elas uma conexão próxima e servi-las com humildade.

A Análise Global de Lausanne está disponível em inglês, espanhol, francês e coreano. Quaisquer perguntas e comentários a respeito desta edição devem ser enviados a analysis@lausanne.org. A próxima edição será lançada em maio de 2023.